segunda-feira, 31 de março de 2008

1992/93 - Porto 3 - Farense 0

O Farense foi uma equipa que marcou o final da década de 80 do futebol português e boa parte da década de 90, a que não será alheio o comando técnico do catalão Paco Fortes. A primeira metade da década de 90 trouxe para a ribalta nomes como Pitico, Hajry, Hassan ou Rufai e era presença assídua nos lugares cimeiros da tabela, chegando a passar pelas competições europeias. Neste jogo nas Antas, as coisas não terão corrido pelo melhor. O Porto sem alguns titulares, como é referido pelo então adjunto Augusto Inácio, começa sem grande afinco mas lá vence por 3-0. António Carlos - jogador que estaria pouco tempo no clube, alegadamente por questões disciplinares - marcou o primeiro golo de livre. Na segunda parte, a equipa carrega um pouco mais no acelerador e marca mais dois golos: um por Kostadinov e outro por Semedo. Atente-se no último golo dos azuis-e-brancos e no facto de um jogador adversário estar durante toda a jogada estendido no relvado, junto à linha lateral. Falta de fair-play ou tempos em que atirar a bola para fora nestas situações ainda não era prática comum?

sexta-feira, 28 de março de 2008

1996/97 - Benfica 2 - Estrela da Amadora 0



O período entre o fim da época 95/96 e o início da temporada 96/97 - o chamado defeso - teve um grande motivo de agitação para os lados da Luz, com o anúncio de contratação de um grande ponta-de-lança. Falou-se em Jardel, falou-se no bósnio Meho Kodro, mas a escolha acabaria por recair em Martin Pringle, jogador que na Suécia acumulava a carreira de futebolista com a de carteiro e que, duas épocas antes, ainda jogava a defesa-central.

Esta partida, do início da temporada, tinha o aliciante de ser aquela em que este sueco se iria estrear. Efectivamente, a simulação para o primeiro golo do Benfica, marcado por João Pinto, acabaria por dar esperanças à massa adepta de que se estava perante um verdadeiro homem de área e não por alguém de que só nos lembramos agora, por ter um apelido semelhante ao de uma marca de batatas fritas. A segunda tese acabou por se afigurar a mais correcta. O marcador seria fechado por Donizete, jogador de boa técnica mas também com alguns problemas de adaptação e que sairia poucos meses depois de ingressar na Luz.

terça-feira, 25 de março de 2008

1992/93 - União da Madeira 2 - Vitória de Setúbal 1


Na semana em que o Vitória de Setúbal venceu a Taça da Liga, nada como voltar uns anos atrás e recuperar tempos em que o clube andava pela Segunda Liga, tentando regressar ao convívio dos grandes. Para isso, é fundamental invocar também um vulto do futebol português dos anos 90, a União da Madeira, clube que funcionava como uma verdadeira Torre de Babel numa altura em que apenas podiam jogar três ou quatro estrangeiros. Se é certo que a versão 92/93 do plantel da União da Madeira contava com uma presença anormal de portugueses - vá lá, uma meia dúzia deles - os trunfos da equipa vinham essencialmente do Brasil - Marco Aurélio, Manu ou Beto - ou da antiga Jugoslávia, casos de Lepi, Zivanovic ou Jovo. E seria esse mesmo Jovo, avançado sérvio que passeou classe durante 10 anos pelos relvados insulares, tanto na União como no Nacional, que marcaria os dois golos que dariam a vitória à sua equipa. Pelo meio, uma réstea de esperança para os sadinos, com um golo de Paulo Gomes.

Este jogo opôs dois adversários directos na luta pela subida. No final da época, ambos acabariam por subir à Primeira Liga.

sexta-feira, 21 de março de 2008

1994/95 - Vitória de Guimarães 3 - União de Leiria 0


Flashback (94/95) 3-0 à U. Leiria
Colocado por Flashback_VSC

Um blogue dedicado aos anos 90 do futebol nacional não pode deixar escapar um dos seus ícones em matéria jornalística. Não falo do monstro sagrado Gabriel Alves, mas antes de José Nicolau de Melo, que arrisco nunca ter conseguido entrar no mainstream porque tinha uma fortíssima concorrência, um pouco como o Benfica na primeira passagem de Camacho que só não foi campeão porque no Porto morava Mourinho.

Antes de José Nicolau de Melo (e mesmo depois dele) nunca alguém tinha ousado pronunciar o nome de dois antigos jogadores da antiga Jugoslávia que singraram no futebol português e que se tornariam por diversas vezes campeões no Porto. Falo de Drulovic e de Zahovic, cujos nomes eram pronunciados como Drulóvitch e Záhóvitch. A simples deslocação da sílaba tónica dá um cunho pessoal. E seria o esloveno a marcar o segundo golo dos vimaranenses com um remate de fora de área, não sem antes daro seu contributo no primeiro golo, da autoria de Pedro Barbosa, que durante anos alguns passeou pela Primeira Liga sem direito a apelido. Ricardo Lopes fechava a contagem contra a recém-promovida União de Leiria, com um golo de calcanhar que aproveita uma azelhice do guarda-redes adversário.

terça-feira, 18 de março de 2008

1992/93 - Sporting de Braga 2 - Boavista 1

Se é certo que, nos últimos anos, o Sporting de Braga tem estado mais nos lugares de topo do que o Boavista, tempos houve em que no Bessa a presença na UEFA era um dado adquirido, ao passo que os bracarenses tinham como objectivo a chamada "época tranquila", termo técnico para designar um lugar ali a meio da tabela precisamente para equipas do meio da tabela ou abaixo. Ainda assim, neste jogo os bracarenses lograram uma vitória sobre os axadrezados por 2-1.

A vitória começou a ser desenhada num golo de grande execução técnica de Forbs, brasileiro que passeava classe nos relvados nacionais por estas alturas, que soube usar os dois pés e inaugurar o marcador. O Boavista respondeu, com um golo digno de registo de Tavares, centro-campista esforçado e polivalente e que em tempos foi chamado de o "Paulinho Santos dos pobres" e que teve como momento-chave na carreira uma crise do foro intestinal em San Ciro, quando o Benfica foi jogar a Milão, na época em que na Luz parava um tal de Artur "o gajo foi lá posto pelo Pinto da Costa para dar cabo do Benfica" Jorge. E já que se fala no Porto, seriam dois futuros jogadores do clube a chave para a vitória do Braga: Folha foi uma "aposta ganha" e Secretário foi o autor do golo da equipa da casa.

sábado, 15 de março de 2008

1992/93 - Estoril 4 - Tirsense 0




No campo do histórico Estoril-Praia - clube da Linha de Cascais mas onde onde os topos eram bastante parecidos com as dos campeonatos distritais, ou seja, não tinham bancada, o que tornava mais fáceis os festejos dos "El Charroboys" - um duelo Estoril-Tirsense, com uma vitória bem folgada da equipa da casa. Para isso muito contribuiu o maroquino Bouderbala, com dois golos na meia-hora que esteve em campo. Sob a batuta de um Carlos "o gajo do milagre de Estugarda" Manuel, já em fim de carreira, o Estoril ainda marcou mais dois golos, por parte de Paulinho e de Duffort.

quarta-feira, 12 de março de 2008

1994/95 - Marítimo 1 - Aarau 0


Vídeo do utilizador sirMcDadA

Um primeiro vídeo para relatar feitos gloriosos no futebol luso, numa altura em que ainda existiam as famosas quartas-feiras europeias. A contar para a Taça UEFA 1994/95, o Marítimo recebe os dinamarqueses do Aarau e vence por 1-0, com um golo de Paulo Alves, jogador que chegou a ser considerado qualquer coisa como "the next big thing" da rara raça dos homens-golo. Ao ponto de ter sido uma das estrelas do seguinte defeso, por ser disputado por Benfica e Sporting, tendo o clube de Alvalade levado a melhor na disputa.

domingo, 9 de março de 2008

1992/93 - Sporting 4 - Vitória de Guimarães 1



Gabriel Alves, com recurso aos seus incisivos adjectivos, não engana: o Sporting massacrou o Vitória de Guimarães. As habituais figuras de estilo no seu discurso ajudam a dar uma ideia a quem não esteve nesta soalheira tarde em Alvalade: "bons índices de produtividade", "facilidade de articulação entre sectores"e "eficácia no último terço do terreno".

Numa altura em que o "Dream Team" sportinguista de meados da década de 90 começava a despontar, todos os sonhos eram possíveis. Como pensar que Filipe poderia ter sido um grande jogador. Foi esta velha esperança que marcou o primeiro golo e que enganou o árbitro, caindo de forma ridícula na grande área, proporcionando uma grande penalidade que Balakov não desperdiçou.

Aproveitando uma pequena fífia na defesa do Sporting, N'Dinga - jogador que ficou essencialmente conhecido por um caso de aldrabice no futebol nacional, envolvendo o seu nome - não fez caso e centrou para o golo de Basílio, que reduziu para 2-1.

Na segunda-parte, aquele que tinha sido, alguns meses atrás, o melhor marcador nos Jogos Olímpicos de 92, faz o 3-1, para gáudio de Gabriel Alves, confesso adepto das capacidades de Juskowiak. Jorge Cadete fechou o resultado. De esclarecer que ambos os jogadores surgiram naquela que é - na opinião do mesmo Gabriel Alves - a "área de rigor" ou "zona de tiro".

Entrevistas a Bobby Robson, que começava a dar os primeiros passos a uma abordagem sui generis das línguas portuguesa e inglesa, e de Marinho Peres, técnico que havia treinado o Sporting no passado.

quinta-feira, 6 de março de 2008

1992/93 - Salgueiros 2 - Paços de Ferreira 2



Este blogue, sendo dedicado aos anos 90 do futebol luso, teria que ter, entre os seus primeiros posts, uma referência ao Estádio Vidal Pinheiro, do Sport Comércio e Salgueiros, clube que bateu o pé aos Grandes por diversas vezes durante a última década, contando até com uma presença na Taça UEFA em 1991 (que não será esquecida). Foi também por lá que o Sporting acabou com um jejum de 19 anos, ao sagrar-se campeão nacional.

A jogar à retranca - opção relativamente comum por parte de muitas equipas, durante estes anos - e num terreno "pesado" - lá está, outra situação comum nesta altura, uma herança que ainda faz mossa nos dias de hoje - o Paços de Ferreira chegou à vantagem, com golos de Julian e João Batista. Pensava-se que seria uma tarde infernal para os lados de Paranhos e o Professor Neca já estaria a contar com os dois pontos da vitória. Mas eis que as mudanças tácticas de Filipovic surtiram efeito, com a entrada de Sá Pinto (que começava a despontar para o futebol português, mas ainda sem bater nos treinadores, talento que se lhe conheceria mais tarde) e Rui Neves. Este último reduziu para 1-2 e Djoincevic restabelecia o empate.

terça-feira, 4 de março de 2008

1992/93 - Boavista 1 - Porto 0



Num terreno impróprio para a prática do futebol, o principal dérbi da cidade do Porto. O facto de o terreno estar completamente empapado devido à chuva e, por inerência, as equipas terem necessidade de jogar o chamado "pontapé para a frente" típico do futebol britânico fez deste desafio uma espécie de Falkirk - East Stirlingshire F.C, ou seja, um grande dérbi da cidade de Falkirk. Apesar das jogadas protagonizadas por Kostadinov (que até falhou um golo de baliza aberta), o Boavista foi mais feliz, graças a uma grande arrancada de Artur - que, curiosamente, rumaria três épocas depois às Antas - que serviu Marlon Brandão para um golo fácil.

Entrevista final de Manuel José.

domingo, 2 de março de 2008

1992/93 - Benfica 3 - Chaves 1



40 mil espectadores no Estádio da Luz. Hoje, seria uma boa casa. Na altura, um terço da lotação, o que talvez fosse um espectáculo um pouco desolador. Na típica jogada a apanhar o adversário distraído, o Chaves marca por um tal de Saavedra. Fosse nos tempos de hoje, seria uma tarefa hercúlea virar o resultado, mas a coisa lá se foi compondo. Conhecido pela média de 1 golo em cada 10 remates, Isaías empata o jogo. Schwarz meteu a bola pelo buraco da agulha e dá vantagem ao Benfica, que é ampliada por Hélder. Este, a par de Paulo Madeira e Rui Costa, foi um dos três jogadores que acabaria por regressar anos depois à Luz.

Introdução ao estudo dos anos 90 do futebol português

As mudanças

Os anos 90 no futebol luso foram particularmente interessantes, não tanto por grandes feitos (à excepção da vitória dos juniores no mundial de 1991 e ao "penta" do Porto), mas pelas mudanças e tendências que se começaram a desenhar: a queda do Benfica - que começou a década campeão e a disputar uma final da Taça dos Campeões com o AC Milan e que a acabou nos terceiros lugares e a sofrer uma histórica goleada em Vigo - ; o acentuar do domínio do Porto que culminou com o inédito pentacampeonato; a segunda metade da travessia no deserto do Sporting rumo ao título; o crescimento do Boavista que acabaria campeão em 2001; o surgimento de fenómenos como o Leça, o Alverca, o Campomaiorense ou o Felgueiras; a afirmação de boas equipas, que acabariam com um fim trágico, como o Salgueiros e o Farense.

Os plantéis

A meio da década, um tal de Jean-Marc Bosman provocou sem querer uma revolução que afectou inevitavelmente o futebol português: de equipas onde jogavam quase todos os grandes valores nacionais e apenas dois ou três estrangeiros, passou-se para uma enxurrada de jogadores das mais diversas nacionalidades enquanto os valores nacionais começavam a sair rumo a outras ligas.

Os jogadores

Ao nível dos seus mais importantes protagonistas, os anos 90 assistiram ao aparecimento de grandes valores, como Figo, João Pinto, Rui Costa ou Fernando Couto e, numa segunda fase, Nuno Gomes, Sérgio Conceição ou Jorge Andrade. Surgiram também grandes promessas, que rapidamente receberam o rótulo de promessas adiadas, como Peixe, Filipe, Dani, Hugo Leal ou Porfírio. Outros vindos de fora fizeram história: Valckx, Balakov, Jardel, Poborsky, Deco ou Aloísio.

Treinadores

Não houve nenhum fenómeno Pedroto ou Mourinho na década de 90, mas houve treinadores que deixaram a sua marca. Bobby Robson saiu inexplicavelmente do Sporting para o Porto para ganhar dois títulos de campeão e uma Taça, precisamente os títulos conseguidos por António Oliveira no mesmo clube após sair da selecção nacional, em 96. Carlos Queiroz tornou-se seleccionador nacional e foi para o Sporting onde ganhou uma Taça. Manuel José consolidou o Boavista como o quarto grande, um trabalho prosseguido pelo então jovem treinador Jaime Pacheco, depois de uma passagem pelo Vitória de Guimarães. Fernando Santos começa uma carreira de treinador no Estoril e, em meia dúzia de anos, torna-se treinador do Porto, onde consegue o pentacampeonato. Toni sucede a Sven-Goran Eriksson, conseguindo uma Taça em 1993 e um campeonato no ano seguinte.

Os presidentes

À estabilidade directiva no Porto, contrunham-se as sucessivas mudanças no Benfica (quatro presidentes no espaço de 10 anos) e no Sporting (três presidentes). O Boavista assistiu a uma sucessão dinástica, em que João Loureiro sucede ao pai Valentim Loureiro. Pimenta Machado marcou também uma época no Vitória de Guimarães.

Lá fora

No futebol internacional, apenas o Benfica conseguiu chegar a uma final europeia, perdendo a Taça dos Campeões Europeus em 1990. Em 1993/94, esteve perto de outra final, ao perder as meias-finais da Taça das Taças com o Parma. Tal como o Sporting, que foi eliminado pelo Inter de Milão em 1991 nas meias-finais. Um jejum de 10 anos, em matéria de participação em grandes provas de selecções, foi interrompido em 1996, com a participação num Europeu, situação repetida em 2000, tendo sido alcançados, respectivamente, os quartos-de-final e as meias-finais da competição.

Transmissões televisivas

De um jogo semanal transmitido pela TV2 no início da década, sem direito a transmissão de clássicos e de parte dos grandes jogos europeus, o público do futebol passou a aceder, 10 anos depois, à transmissão de jogos em sistema pay-per-view na Sport TV. Pelo meio, o surgimento de televisões privadas, onde ocorreu um reforço da oferta de futebol, com a transmissão de clássicos na recém-chegada SIC a causar grande furor. Esta progressiva subida na oferta televisiva, aliada às mudanças nos horários e ao fim dos jogos às 3 da tarde, acabou por motivar uma redução do público dos estádios.

Os casos

A década começa com notícias de desacatos protagonizados pelo conhecido “Guarda Abel” aquando das visitas do Benfica às Antas, nomeadamente ao então presidente João Santos. Benfica que teve, anos mais tarde, uma grave crise financeira – o chamado “Verão Quente” em 1993 – que culminou com a saída de Paulo Sousa e Pacheco rumo ao Sporting. A meio da década, os dois principais campeonatos saem esfera da Federação Portuguesa de Futebol para a Liga de Clubes. O caso de corrupção conhecido como o caso José Guímaro culmina com a descida de divisão do Leça. A morte de adeptos do Sporting, num jogo contra o Porto em que dois adeptos morrem ao cair de um gradeamento e na final da Taça em que um adepto morre após ser atingido por um “very light” vindo da claque do Benfica, suscita grandes discussões em torno do papel das claques. A notícia da SIC em torno da presença de prostitutas brasileiras num estágio da selecção quando esta era orientada por António Oliveira – o chamado “Caso Paula” - torna-se num “case study” do jornalismo português.

Grandes provas

A década começou com a realização de um Mundial de juniores, vencido pela equipa onde alinhavam Rui Costa, Fernando Couto e João Pinto, na final do Estádio da Luz. O final da década ficou também marcado pelo concurso para o Euro 2004, que Portugal venceu em 1999. Uma prova que acabaria por ditar o fim de estádios emblemáticos, como o Estádio de Alvalade, da Luz, das Antes ou o 1º de Maio.

Nacional Maior

Quem tenha uma memória apurada para as coisas do futebol talvez se recorde do jornalista desportista Ribeiro Cristóvão da Rádio Renascença. Para além da sua voz a anunciar a «frente desportiva» ou a «bola branca», foi ele o percursor da expressão «Nacional Maior», para se referir à nossa Primeira divisão ou Primeira Liga.

E é em homenagem ao nosso campeonato nacional de futebol, numa altura em que a prova não era patrocinada por casas de apostas sediadas em Gibraltar, que este blogue assume o nome de Nacional Maior. Tal como os cruzamentos de Caccioli para Mangonga na equipa do Gil Vicente ou os golos de Constantino ao serviço do Leça, também é justo recordar as boas referências jornalísticas ao nosso campeonato.

Pontapé de saída

O Nacional Maior é um blogue das memórias do futebol português na década de 90. As grandes vitórias e os momentos menos glamourosos, numa visão o mais ampla possível. Nunca tirando os pés do chão ou esquecendo que para cada Porto que é campeão há um Famalicão que desce e que, para cada drible de João Vieira Pinto, há sempre um Sérgio Cruz que fica para trás. Porque o futebol português, nos anos 90, não viveu apenas dos remates de longe de Balakov, dos golos de Jardel ou das arrancadas furiosas de Artur pelo flanco, mas também de auto-golos de Celestino, de entradas impetuosas de Jokanovic ou dos cruzamentos de Nelo para a bancada. Um blogue que recorda grandes atletas vindos de fora, mas também aqueles que não ficaram para a história, sabendo que, por cada Poborsky que chega, há sempre um Michael Thomas ou Gary Charles que estranhamente têm o mesmo destino.

Este é também um espaço para a utopia e para algum ressentimento. Utopia para todos quantos tinham a esperança de que Zé Nuno Azevedo poderia almejar jogar num clube grande ou que acreditavam que Martin Pringle poderia ser boa opção para ponte-de-lança do Benfica. Nunca esquecendo aqueles que viram em Poejo um potencial sucessor de Figo ou em Quinzinho ou Akwa eventuais clones de Eusébio. Ressentimento também há, quando se vê um Benfica campeão ser destruído numa época por Artur Jorge ou ao recordar Porfírio como parte integrante da selecção nacional no Euro 96.

Este blogue irá debruçar-se essencialmente sobre o nosso campeonato nacional, mas sem esquecer a Taça, a Liga de Honra, as competições europeias e as selecções nacionais e também piscando o olho a alguns casos da lusa pátria futebolística. Aqui têm a mesma importância as participações de equipas portuguesas na Liga dos Campeões e os jogos do Amora na Liga de Honra. O material que alimentará os posts consistirá unicamente em vídeos que outras almas bondosas decidem depositar no Youtube e afins, bem como aqueles que me são permitidos gravar através das generosas emissões da RTP Memória. Que fique a promessa: se, um dia, a RTP Memória encerrar, este blogue acaba no dia seguinte.